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Projeto de Usina em Fortaleza pode causar apagão de Internet no Brasil e gera conflito com operadoras
Projeto de Usina em Fortaleza pode causar apagão de Internet no Brasil e gera conflito com operadoras
29/09/2023 15h41
Por: Portal In9 Fonte: Portal do Holanda

A Praia do Futuro é um dos destinos mais populares tanto para os moradores de Fortaleza quanto para os turistas que a visitam. No entanto, poucos que contemplam o belo mar local têm conhecimento de uma batalha que ocorre sob as águas. Nesse conflito, de um lado, está a operação contínua da internet em todo o Brasil, e, do outro, a garantia do abastecimento de água para os habitantes do Ceará.

O governo estadual está promovendo a construção de uma usina que converterá água do mar em água potável, uma iniciativa de grande importância para a região. No entanto, as empresas de telecomunicações estão preocupadas que essa infraestrutura possa provocar danos nos cabos submarinos responsáveis por fornecer internet.

Fortaleza é a única cidade brasileira que recebe cabos de fibra ótica diretamente da Europa, garantindo uma conexão rápida à internet. Esses cabos, que chegam à capital cearense devido à sua localização privilegiada a cerca de seis mil quilômetros da Europa, são cruciais, sendo responsáveis por 99% do tráfego de dados no país.

Qualquer rompimento nesses cabos, conforme alerta da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), resultaria em uma interrupção na conectividade em todo o território nacional ou, no mínimo, em uma significativa redução da velocidade da internet. Como medida preventiva, a Anatel emitiu uma recomendação contrária à instalação do projeto da usina de dessalinização.

Essa recomendação teve o efeito de interromper temporariamente o progresso do projeto, com a expectativa de um atraso de pelo menos seis meses em sua entrega. Inicialmente, a usina estava programada para entrar em operação em 2025.

A iniciativa de construir a usina de dessalinização é liderada pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) e visa aumentar em 12% o fornecimento de água para a Grande Fortaleza. O edital para a realização do projeto foi vencido pelo Consórcio Águas de Fortaleza, com um investimento estimado de R$ 3,2 bilhões.

Para suavizar os riscos aos cabos submarinos, a Cagece tomou medidas, aumentando a distância entre esses cabos e outras infraestruturas de 40 para 500 metros, contornando assim a área onde o projeto da usina poderia afetar os cabos.

Em um comunicado, a Cagece afirmou que realizou modificações no projeto, com um custo adicional de "entre R$ 35 a 40 milhões". De acordo com a empresa, com as alterações implementadas, o projeto da usina "não representa nenhum risco para o funcionamento dos cabos submarinos localizados na Praia do Futuro". Com essas medidas, a Cagece espera que a Anatel reconsidere a recomendação que interrompeu temporariamente o avanço do projeto.