No Dia Mundial do Diabetes, saiba como funciona o atendimento na Atenção Básica para quem tem a doença crônica
Raimundo Gomes tem 66 anos e desde 2014 faz acompanhamento do diabetes na Unidade Básica de Saúde Laranjeiras, no bairro Laranjeiras. Ele compartilha um pouco de como funciona o atendimento para quem tem a doença.
“Às vezes eu venho fazer uns exames que pedem ou pegar uma medicação. Para mim, o atendimento tem sido bom. Sempre que venho sou bem atendido, recebo, levo pra casa, tomo certinho a medicação , levando o dia a dia assim. Faço o acompanhamento deles”, afirma.
Raimundo faz parte dos 6 mil usuários que têm diabetes cadastrados no Hiperdia em Marabá. O programa acompanha pacientes que são diabéticos e hipertensos e garante a eles consultas e orientações. Neste 14 de novembro, é o Dia Mundial do Diabetes.
Ele recebeu o medidor de glicose do programa. O aparelho é entregue para os pacientes que comprovadamente precisam da insulina diariamente. O hormônio tem como função controlar o nível de açúcar no sangue.
“Eu recebi um aparelho aqui, que é para fazer o acompanhamento. De manhã, eu pego aquelas fitas e furo o dedo, coloco na lança e vejo quanto deu, 200, 300, 400, 100. Então, eu vou e aplico a insulina na barriga”, explica.
O clínico geral Paulo Victor Magno, que atua na UBS Laranjeiras, destaca que o diabetes é uma doença crônica caracterizada pelo aumento da glicemia de forma exponencial que o corpo não consegue normalizar por si próprio. A doença pode deixar sequelas em diversas partes e órgãos do corpo como olhos, rins, coração e nervos das mãos e pés.
O diabetes Tipo 1 pode surgir na infância ou adolescência e tem origem autoimune ou genética. Já o diabetes Tipo 2 é adquirido e ocorre quando o teste de glicemia registra a partir de 126 mg/dl em jejum ou após o paciente ingerir uma determinada quantidade de glicose e após duas horas o teste de glicemia apontar 200 mg/dl. Em ambos os casos o pâncreas não consegue produzir insulina suficiente para conter o nível de açúcar no sangue. A doença não tem cura.
“Em casos extremos, pode ser uma perda de peso muito rápida, mesmo comendo bem, beber mais água que o normal, urinando mais do que o normal, geralmente uma urina bem clara, pode ser doce, mas o paciente não precisa provar, uma visão turva. Pode ter boca seca, confusão mental, fraqueza, dor na mão, no pé, mas bem inespecífico isso. É um conjunto desses sintomas que o paciente tem que ficar atento”, explica o médico.
Pessoas que têm parentes em 1º grau que possuem a doença, obesos e gestantes são alguns grupos de risco para o diabetes. No caso das gestantes, nem toda diabetes gestacional vira diabetes Tipo 2.
A orientação do médico Paulo Victor Magno para a prevenção da doença é a seguinte: “Exercício físico é o primeiro. Antes de pensar em dieta, restrição de alimentação, o exercício é o básico. Pode ser uma caminhada de 30 minutos por dia. Alimentação vem em segundo. Comer bem, não precisa ser perfeito, mas comer bem. Evitar os excessos de gordura, de carboidrato”, ressalta.
O tratamento da doença também envolve exercício físico, boa alimentação, e inclui também o tratamento medicamentoso, disponível no Sistema Único de Saúde. A insulina também está disponível, mas não é todo diabético que precisa.
Infelizmente, a doença ainda é muito subestimada, inclusive pelos próprios pacientes.
“Pacientes que mesmo tendo todos os sintomas, que já tiveram partes do corpo amputados pelo diabetes, muitas vezes se recusam usar os remédios, comprimido ou a insulina porque acham que conseguem controlar fechando a boca. Só a dieta, às vezes, não é o suficiente. Tem que ter esse tripé da medicação, exercício e alimentação”, reitera.
Atenção Básica
Dentro do Hiperdia, os pacientes têm prioridade de atendimento nas unidades de saúde. A coordenadora do Departamento de Doenças Crônicas da Secretaria Municipal de Saúde de Marabá (SMS), Lilia Moura, explica como funciona o fluxo de atendimentos nas UBS.
“Cada unidade de saúde organiza sua agenda para atender todos esses pacientes visto que é uma demanda muito grande em Marabá. Então, eles têm acesso à prioridade, acesso aos insumos, que são as fitas, as lancetas. Temos também as insulinas, que são entregues pela Sespa e o município fica responsável por fazer a distribuição nas unidades de saúde. Então, cada paciente é visto dentro da sua integralidade”, pontua.
Assim que o paciente é diagnosticado, é encaminhado para ser cadastrado no Hiperdia. A partir disso, é orientado sobre como funcionam as consultas, entrega de medicamentos, insumos e insulina, caso seja necessário, além dos devidos encaminhamentos. Eles também recebem carteirinhas onde são anotadas informações e dados sobre o tratamento.
A coordenadora observa que as complicações do diabetes são uns dos principais desafios enfrentados sobre a doença, tendo a prevenção como um ponto essencial na educação em saúde com os pacientes.
“Eu sempre ressalto isso para os profissionais que atendem os pacientes para falarem ‘olha, não é porque você tem insulina, que você tem a medicação, que você vai deixar de se alimentar bem porque se não cuidar dessa parte, a gente vai ter um problema na visão, problema no rim’. E isso é muito importante a se ressaltar para eles”, conclui.
Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Arthur Constantino sob supervisão de Sávio Calvo
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