O ex-presidente Jair Bolsonaro, ao longo de sua carreira política, adotou uma postura desafiadora e muitas vezes inflexível, que lhe rendeu vitórias temporárias, mas também derrotas custosas. As eleições municipais de 2024, observadas como um importante termômetro do cenário político nacional, deixaram claro que o desgaste de Bolsonaro e de seu projeto político tem se tornado evidente para a população.
A queda de apoio ao bolsonarismo, antes impulsionado pela imagem de Bolsonaro como um “outsider” que combatia as estruturas tradicionais, agora expõe um líder cuja retórica combativa parece desconectada da realidade de muitos eleitores. O “pagou para ver” característico de Bolsonaro, traduzido por decisões que desafiaram recomendações de especialistas e instituições, transformou-se em um ciclo de derrotas que enfraquece a direita brasileira ao desperdiçar capital político em confrontos desgastantes e muitas vezes desnecessários.
No entanto, o bolsonarismo ainda possui uma base leal, composta por eleitores que veem em Bolsonaro e seus aliados um contraponto ao que consideram ser o establishment político. Para esses seguidores, a defesa dos valores conservadores e uma oposição radical ao sistema ainda fazem sentido, mesmo com os tropeços recentes. A questão que se impõe, então, é sobre o futuro desse movimento.
Qual o futuro do bolsonarismo?
A relevância do bolsonarismo dependerá, em grande medida, da habilidade de seus líderes em construir uma narrativa que vá além da figura de Bolsonaro. Com um líder cada vez mais fragilizado, o bolsonarismo enfrenta o desafio de se reinventar, ampliando seu discurso para temas que atendam às necessidades concretas da população, como economia e segurança pública, sem perder a identidade conservadora que conquistou parte do eleitorado.
O bolsonarismo pode seguir dois caminhos: reinventar-se e adotar uma postura mais pragmática, ou permanecer na linha de confronto, arriscando-se a ficar restrito a um grupo de eleitores ideologicamente alinhados, mas insuficientes para conquistar novamente o poder. A derrocada de Bolsonaro e o desgaste de seu estilo agressivo e polarizador nas urnas indicam que, se não houver adaptação, o movimento corre o risco de ser lembrado como um “erro que por algum tempo deu certo”.
O futuro do bolsonarismo, portanto, está em jogo. Para seus seguidores, fica a tarefa de decidir se vão permitir que ele se transforme em um movimento resiliente e capaz de dialogar com o Brasil real ou se será apenas um capítulo que se encerra, sem novas perspectivas de poder.
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