A estreia política da empresária Maria do Carmo Seffair, que prometia ser uma nova força na política local, revelou-se uma trajetória marcada por controvérsias e fracassos. Inicialmente projetada como uma protagonista, Seffair conseguiu, sim, atrair os holofotes — mas pelas razões erradas. Em um cenário onde sua imagem frágil se revelou vulnerável, escândalos familiares e políticos se tornaram munição para seus adversários, colocando em xeque sua capacidade de navegar o complexo campo político amazonense.
A falta de experiência e de preparo da empresária para o cenário político local rapidamente se tornaram evidentes. Seffair, que se apresentava como a “nova” figura capaz de renovar o espectro político com princípios de ética, transparência e combate à corrupção, viu-se envolvida em um escândalo de caixa dois e abuso de poder econômico. A situação agravou-se com a exposição pública de seu marido em questões pessoais, desmontando sua imagem de conservadorismo e valores morais — aspectos centrais de sua linha ideológica.
O desgaste aumentou com o segundo turno, quando o desempenho do grupo de Seffair sofreu novo revés com a ascensão de Amom Mandel. Nesse ponto, a candidata, que defendia pautas ambientais, viu-se novamente comprometida ao ter seu marido flagrado em atividades de desmatamento em terras da família, contradizendo diretamente seus princípios declarados.
Em uma tentativa de mudar a narrativa, Seffair adotou uma estratégia arriscada: abriu uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF), questionando a reeleição de Roberto Cidade, seu rival de maior expressão. A ação resultou na anulação temporária da eleição de Cidade para a presidência da Assembleia Legislativa do Amazonas (ALEAM), mas não sem custo para Seffair, que enfrentou reações intensas no legislativo. Em vez de uma vitória, a manobra deixou como saldo a imagem de uma figura arrogante e desequilibrada.
A situação continuou a deteriorar quando Seffair expôs questões pessoais do atual prefeito David Almeida, insinuando uma dívida envolvendo a faculdade de sua filha, e fez insinuações sobre a vida pessoal do vice-prefeito eleito, Renato Júnior. Esse ataque frontal a figuras públicas surpreendeu até mesmo seus apoiadores, revelando uma postura que muitos consideraram imprudente e eticamente questionável.
A rápida ascensão e queda de Maria do Carmo Seffair no cenário político de Manaus ilustram que o ambiente local não perdoa amadores. Em uma trajetória marcada pela ausência de estratégia e pela fragilidade de seu discurso, a empresária viu seu protagonismo transformar-se em um caso de estudo sobre o desgaste político — um retrato de como uma promessa pode se tornar um desastre político em um piscar de olhos.
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